Orgânicos e nutrição

Recentemente saiu no jornal O Globo uma matéria sobre uma pesquisa feita nos EUA que fazia uma comparação entre a quantidade de nutrientes entre orgânicos e convencionais que concluía que os alimentos orgânicos não são necessariamente mais nutritivos do que os produzidos de forma convencional.  A não ser em relação a quantidade de fósforo em alguns casos. Ao ler somente o título da notícia “Alimentos orgânicos não têm mais nutrientes do que os convencionais” a pessoa pode chegar a concluir que tanto faz consumir orgânicos ou convencionais. O que realmente está em jogo, e abordado de forma superficial somente no final da matéria, é que um dos motivos para consumir orgânicos é a preservação das águas, matas, e, sobretudo da fertilidade da terra. Parece que o foco da pesquisa foi na análise de nutrientes, mas como ficam os herbicidas, fungicidas, inseticidas e outras substâncias químicas venenosas presentes nos convencionais? Qual o impacto de consumir essas substâncias na saúde humana e na saúde do agricultor? É sabido que essas substâncias químicas tem efeito cumulativo no organismo e são um dos fatores responsáveis pelo aumento nas doenças crônicas não transmissíveis, em particular vários tipos de câncer.

 Por falar em substâncias químicas, recomendamos o livro e o documentário intitulado “Nuestro veneno cotidiano, la responsabilidad de la industria química en la epidemia de las enfermedades crônicas”  da jornalista francesa Marie-Monique Robin que após dois anos de pesquisas chega a conclusão que a cadeia de alimentação está contaminada.

 O documentário está disponível com legenda em espanhol no Youtube, basta fazer uma busca no próprio youtube usando o título.

Para informações sobre a composição da cesta da semana e dias de entrega envie uma mensagem para: organicos@lagoaorganicos.com.br

O Aprendizado da Estação

Quando a Lagoa Orgânicos virou realidade nós vínhamos de um mês de dezembro incrivelmente chuvoso como há muitos anos não se via. Passado o verão fomos aprendendo com os lavradores, com as cores e os sons da natureza, o que deveríamos fazer, quais atitudes tomar.

Passado o período quente vivemos o belíssimo outono e um tardio inverno, absolutamente fora de suas características, quente e chuvoso como deveria ser um verão. Isso só poderia significar uma coisa: o pleno inverno tardaria e tanto o frio quanto a estiagem, características do período, teriam que chegar de qualquer jeito, o que significaria vivermos fortíssimas emoções quanto a planejamento. Essa é a palavra chave em qualquer tipo de negócio, ou pelo menos é isso que sempre ouvimos falar. Como fazer então um planejamento com variáveis tão imprevisíveis como a temperatura, o regime de chuvas, o clima de uma maneira geral, além de outras variáveis igualmente pouco previsíveis como as pessoas envolvidas no processo, as estradas, os fornecedores de insumos e por aí vamos?

A roça nos ensina a importância de ouvir e observar muito mais que falar. Se é fato que é impossível prever o comportamento de tantas variáveis, resta-nos a única alternativa de deixar a natureza “falar”, e a partir daí, entendendo o seu comportamento, calcularmos os próximos passos. Do alto de nossa inexperiência na gestão de lavouras já sabíamos que a falta de chuvas iria nos castigar, da mesma forma que já podemos prever nova abundância de chuvas que nos obrigarão a tomar medidas protetoras se quisermos ter belas folhagens a partir de novembro até fevereiro.

Só não podemos perder de vista por um minuto sequer que a Natureza é um complexo sistema vivo e que as interferências da raça humana trazem implicações nem sempre reversíveis. Daí a importância cada vez maior nas engrenagens sociais do respeito a esse sistema que hoje somente são possíveis praticando os princípios da agroecologia.

Para informações sobre a composição da cesta da semana, envie uma mensagem para organicos@lagoaorganicos.com.br

 

Abraços e boa semana.

Paula& Alcimar

Mais um ciclo - tangerina

Estamos muito próximos do fim de um ciclo que para nós da Lagoa Orgânicos é muito especial: a tangerina ponkan. De todos os produtores da região, mesmo aqueles convencionais, a Fazenda Lagoa é senão a última, uma das últimas a ainda ter seus pés de tangerina ainda produzindo.

 Mas afinal, qual a razão de dentre mais de vinte cultivares ter esse especial afeto pelas ponkans? A razão é que aqueles “pés” de tangerina foram por um período a única coisa gerada pela Lagoa e mesmo assim por força da generosidade do solo e da natureza.  Assim, a ponkan transformou-se involuntariamente em um símbolo de resistência e sobrevivência daquele espaço. Ao longo de muitos anos o “ponkanzal” sobreviveu a várias pessoas que se dispuseram, verdadeiramente ou não, a lavrar aquelas terras abençoadas. Assim, quando resolvemos criar a Lagoa Orgânicos, o matagal era tão alto que abafava as frutíferas e isso poderia comprometer a sanidade e qualidade dos frutos. Isso não ocorreu e tivemos uma safra especialmente boa com as frutas chegando e encerrando tardiamente.

 Agora temos que nos concentrar em pensar o futuro no nosso pomar. Vários estudos de viabilidade para que tenhamos ao longo de todo o ano uma boa gama de ofertas de frutíferas para ofertar foram feitos e começaremos a implementar .

 Em breve nosso pomar voltará a este espaço com grandes novidades.

 Abraços.

 Paula& Alcimar